domingo, 25 de dezembro de 2011

The Kenyan Christmas...

Arrisco dizer que esse foi o Natal mais diferente que tive. Eu e Nadine (outra intercambista da Argentina) passamos o final de semana com a família do James. Fomos para uma cidade chamada Muranga, na zona rural.
Saímos de Nairobi, pegamos um matatu e levamos algumas horas até chegar lá. Paramos em Githumu, uma pequena vila, e enquanto andávamos pelo centro todo mundo nos olhava. Em Nairobi (capital), as pessoas estão mais acostumadas a ver muzungus como nós, mas nas pequenas cidades isso não acontece, então todos olham com uma certa estranheza, principalmente as crianças.
Em Githumu paramos na casa do Chris, amigo do James, e andamos pela região. Foi muito bom sair um pouco da conturbada, poluída e barulhenta Nairobi e poder sentir o ar puro do interior, passar pelas plantações de chá, chegar perto do rio e brincar com ovelhas e bezerros. 


Comprando bananas



Plantação de chá

Enquanto andávamos passamos por um grupo de crianças que estavam sozinhas e simplesmente começaram a berrar de medo e fugir. Eles nunca viram pessoas brancas, então devem ter ficado muito assustados e eu e a Nadine nos sentimos como monstros! A única que não se assustou tanto foi a irmã menor... já os outros saíram correndo e a abandonaram no meio do caminho...





Quando voltamos pra casa do Chris, sua mãe nos ofereceu Porridge, que é tipo um mingau.


À noite pegamos outro matatu até a casa da tia do James. Uma casa simples mas muito gostosa, em um sítio com vários animais e plantação de chá (como praticamente todo o lugar aqui). 




Estávamos mortas de fome e tivemos um jantar delicioso (arroz, chapati, carne, batata, cenoura e repolho).





Antes de dormir dissemos a eles que queríamos ir ao banheiro, e eles nos deram uma lanterna (?)... surprise! Kenyan bathroom! A maioria das casas no interior têm esse tipo de banheiro, que fica do lado de fora das casas e é apenas um buraco no meio do chão. Até que foi tranquilo, só tem que ter uma boa mira... e eu realmente torci pra não precisar fazer nada mais elaborado por lá!!



No dia seguinte acordamos, tomamos café e depois tomamos banho... aprendi que meia bacia de água é mais que suficiente para tomar banho.

Antes de irmos para a casa dos avós do James, passamos por um parque onde fica uma barragem, Ndakaini, que distribui água até Nairobi. O lugar é lindo e então andamos e tiramos algumas fotos. Na volta, um policial nos parou. Eu já sabia sobre a fama da corrupção deles, mas mesmo assim me espantei. O cara simplesmente começou a discutir (em swahili, ou seja, não entemos nada) com o James e seus primos por termos tirado fotos lá dentro. Ele estava com uma arma gigante (os policiais andam nas ruas assim) e depois ainda chegou outro policial. Enquanto eles terminavam a discussão esperamos no carro. Resultado, o policial só os liberou quando deram alguns shillings.




Depois do episódio chegamos na casa dos avós do James. É um sítio com muitas casas onde mora toda a família. O avô dele tinha 2 mulheres (aqui isso é comum) então a família é bem grande. Todos foram muito receptivos, apesar de a maioria não falar inglês, principalmente os mais velhos e as crianças.
E as únicas palavras que sei em swahili são as básicas: Sasa, Jambo, Sawa, Habari, Asante sana, Hapana... e por pura necessidade tive que aprender um xingamento, Tomba wewe (quem quiser, procure do google tradutor haha).



O Natal aqui é comemorado no dia 25, no almoço, onde eles reúnem toda a família e comem bastante. Aqui não há o costume de distribuir presentes, e algumas famílias vão à igreja à meia noite do dia 24 para celebrar.
O almoço era bode, chapati, repolho, legumes e mukimo (feijão e batata amassada). Enquanto as mulheres e crianças ficam dentro da casa, os homens ficam preparando o bode. Eles até usam a pele, e para isso deixam ele no fogo até sair todo o pelo. Nem o intestino do bode se salva... e é usado para colocar toda a carne dentro.



mukimo

Conversamos bastante com os homens da família que preparavam o bode. Sempre que eu dizia que era do Brasil eles perguntavam sobre o futebol, a floresta amazônica e o Ronaldinho.
Antes de irmos embora o James quis nos levar nas casas de várias famílias amigas que moram por ali. Todos nos recebiam com um sorriso no rosto (as crianças às vezes com um choro... mas tudo bem!) e nos desejavam um feliz Natal.



A volta para Nairobi foi uma experiência um tanto quanto inusitada para um dia de Natal... (mãe, se você quiser pular esse parágrafo seria interessante!).
Esperamos por um matatu que fosse direto pra Nairobi para não termos que parar em outra cidade. Entramos em um que estava lotado, eles até colocaram uma tábua de madeira no lugar que seria uma “passagem” entre os bancos para mais pessoas poderem sentar (ok!). Eu e a Nadine estávamos espremidas lá atrás com nossas mochilas, e o matatu quase caindo aos pedaços corria mais que não sei o que. Nisso, o James começou a gritar em swahili (mais uma vez não entendíamos nada) pedindo para o motorista dirigir com mais cuidado. Começou uma gritaria no meio do matatu, e eu e a Nadine só nos abraçamos esperando que tudo ficasse bem. O matatu parou no acostamento e de repente saiu o tal motorista: um cara grande, gordo, suado, com os olhos vermelhos e bêbado. Todos reclamavam pedindo para ele nos deixar descer (e a gente continuava sem entender nada). O motorista voltou pro seu lugar e começou a dirigir... pensamos que ia ficar tudo bem, até que o retardado começou a dirigir em zigue-zague em plena rodovia de mão dupla. Aí que a muvuca começou, todos gritavam e queriam começar a brigar (e isso era a última coisa que eu queria pra não morrer esmagada no banco de trás de um matatu). Finalmente deixaram todos sair mas ainda nos fizeram pagar 50 shillings pelo “agradável passeio”. (E nessa hora eu me questiono porque o infeliz do policial que quis uma ajudinha ($$) na barragem não estava lá para ver o ótimo desempenho automobilístico do nosso amigão).

Aprendizado do dia: nunca mais reclamo dos ônibus da Transol ou do metrô às 18h na estação da Sé.

Por fim, pegamos outro matatu e tivemos que parar em outra cidade, Thika, para pegar mais um matatu até Nairobi. Chegamos em casa sãs e salvas e ainda tivemos um jantar de Natal mais parecido com o que estamos acostumadas. O pessoal da casa fez um jantar bem gosto com direito à velas e músicas de Natal... 

Happy Kenyan Christmas!!!

4 comentários:

  1. Ana Luiza,

    Parabéns pela iniciativa e coragem! Seus relatos eståo bem escritos e gostosos de ler. Fotos que poderåo fazer parte de um livro contando a experiencia. Espero o seu comentário para conhecer um pouco sobre o Ano Novo.
    Feliz Ano Novo para vc,
    bjos Patricia Nogueira Bauer (lembra?)

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  2. Que aventura! So de pensar no banheiro e no matatu zigue-zague me da uma coisa! Voces realmentes sao muito corajosas hehe!
    Beijos

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  3. UHAuhauahuaha
    "(mãe, se você quiser pular esse parágrafo seria interessante!)."
    Commm certeza ela pulou neh!?!?!?
    To vendo que a aventura está sendo grande neh!?!?
    Cada vez que leio as coisas aqui da uma vontade de ver tudo isso ao vivo!!!
    Só pra constar: "Toma wewe" não eh contemplado no google tradutor!!! uahauha
    Mas prefiro usar minha imaginação sobre o possível significado!!!!

    Bjussss

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  4. Oi Ana Luiza,

    Já mandei 3 e-mails pelo blog pra vc. Vc recebeu?
    bj, muita luz
    Teresa

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