segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Rwanda... tu n'oublie jamais

Duas amigas, duas mochilas, uma longa estrada e um destino: Ruanda.


Saindo de Nairobi, Quênia (com algumas horas de atraso, sempre de acordo com o kenyan time) pegamos o ônibus para Kigali, capital da Ruanda com parada em Uganda. Em meio às 24h de viagem, com paradas nos piores banheiro imagináveis (um era apenas um cercado, sem banheiro queniano, sem vaso sanitário, nada, apenas a cerca e o chão), finalmente chegamos à Ruanda. 
Ao tentarmos passar pela fronteira entre Uganda e Ruanda... surpresa! Quase não nos deram o visto... porém, com nossa “Rafiki talk” conseguimos convencê-los e entramos em Ruanda.

Rafiki talk: Uma das coisas que aprimorei durante esses meses no Quênia foi o meu poder de persuasão, reclamação e conversa. Sempre que queremos convencer alguém ou queremos negociar por melhores preços, já começamos a conversa com o famoso “Rafiki” (amigo) e mandamos ver na lábia.

Ruanda foi colonizado pela Alemanha e em seguida pela Bélgica. Os belgas, em 1932 dividiram a população entre Hutus e Tutsis pelo número de vacas que cada um possuía (os Hutus possuíam mais de 10 vacas e os Tutsis, a minoria, menos de 10).  


A partir daí começou a rivalidade entre as duas tribos (que antes da divisão feita pelos belgas conviviam normalmente, afinal, não havia sequer diferença entre eles) que levou a grandes genocídios durante anos. Em 1994, ocorreu o último e maior genocídio no país, que culminou na morte de 1 milhão de pessoas em menos de 100 dias.


Uma intensa campanha persuadia a população à enxergar todos como seus potenciais inimigos (inclusive familiares e amigos que fossem da outra tribo) e assim o ódio se espalhou entre praticamente todos os que habitavam esse país.


Durante o episódio, as ruas foram tomadas por corpos brutalmente massacrados. Todos da minoria Tutsi deveriam ser exterminados e ninguém seria poupado – muito menos as crianças.  2/3 da população foram dizimadas e milhares de Ruandeses se refugiaram em países vizinhos.

Se você me conhecesse e realmente
conhecesse você mesmo,
você nao teria me matado.
Quando eles disseram "nunca mais"após
o Holocausto, isso seria apenas para algumas
pessoas e não para outros?

Ao final do genocídio, famílias foram destruídas, milhares de crianças ficaram órfãs e mulheres – após os assédios sofridos – agora eram portadoras de HIV.
10 anos após o episódio, Kofi Annan (ex-secretário geral da ONU) disse que poderia e deveria ter feito muito mais para tentar impedir o massacre e, ainda, que a comunidade internacional é culpada pela omissão frente ao genocídio de Ruanda.

Eu e a Laura pudemos conhecer essa história de perto e ver os vestígios desse momento histórico no Memorial do Genocídio em Kigali. Um misto de sentimentos nos invade ao tentarmos compreender o que realmente aconteceu e ver em nossa frente os restos de corpos e armamentos usados durante o genocídio.


O que mais impressiona é pensar que durante anos milhares de pessoas foram mortas das maneiras mais cruéis possíveis por causa da “divisão” imposta por colonizadores sem razão alguma. Mais impressionante ainda é, após menos de 20 anos, encontrar uma Ruanda completamente civilizada, desenvolvida e organizada, sendo referência para outros países do Leste da África... 
São marcas de um passado que constroem um futuro.

Kigali - Ruanda

2 comentários:

  1. Sabe o que é maluco, Aninha, pensar que a divisão entre hutus e tutsis, como você colocou, era sobretudo econômica. A região dos lagos tem uma das maiores densidades demográficas de toda a África - as pessoas estão, literalmente, apinhadas. Pensar que o seu vizinho de porta, o seu amigo da frente, do dia para a noite pode virar inimigo por razões estritamente econômicas/coloniais dá muito medo. É uma memória de ódio difícil de apagar, mesmo com o tempo. Sugiro um lindo trabalho feito por um jornalista que foi conversar com mulheres que tiveram filhos oriundos dos estupros que aconteceram. Elas falam de uma maneira muito viva e humana sobre como as dores da guerra passam de geração para geração. http://mediastorm.com/publication/intended-consequences Um grande beijo, Lau

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