segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sabores do Quênia

“Mother is in the kitchen, cooking chapatti, I like chapatti, nham nham nham”

Essa foi a primeira música que ouvimos em uma escola na favela de Mathare e que desde então não saiu mais de nossas cabeças. Chapatti, feito de farinha refinada ou integral, água, sal e óleo (lembra um pão sírio mais fino) é uma das comidas mais famosas aqui do Quênia, e é servido no café da manhã, almoço e jantar.

Crianças na escola em Mathare comendo chapatti

Além do chapatti, é muito comum mandazi (lembra um bolinho de chuva) ou panquecas no café da manhã, e claro, tudo frito com muita gordura. Aqui eles usam muito aqueles baldes de gordura vegetal (total trans).

Mandazi

Uma das coisas que mais gostei foi a “samosa”, lembra um pouco a esfiha árabe, mas com a massa muito mais fina e frita. Os recheios variam de legumes à carne e às vezes muito apimentada.

Samosa de legumes


No almoço é hora de Ugali (uma massa feita de farinha milho) que se come junto com legumes e carne, tudo com a mão mesmo. O Ugali por si só não tem gosto de nada, mas com o molho e os acompanhamentos fica muito gostoso.

Ugali, sukuma e frango


É comum também o coconut rice (arroz com coco, delicioso), feijão, pilau (praticamente um risoto de carne), mukimo (batata cozida amassada com feijão), sukuma (lembra a nossa couve-mineira refogada), repolho refogado e green grams – meu favorito!!

Mukimo

Arroz, chapatti, legumes e repolho refogado

Coconut rice e green grams

O país é muito famoso pelo café e chai (chá com leite), o que faz com que esses sejam apreciados em todas as refeições.

Chai e chapatti
                                             
Como em toda grande cidade, em Nairobi há uma invasão dos fast foods, mas surpreendentemente não há Mc Donald’s – só umas imitações fajutas – e, é claro, muitas pizzarias e “takeaway” de fish and chips e chicken and chips, devido à colonização britânica.

O Quênia possui 42 tribos em todo o país, e cada uma possui suas particularidades, inclusive em relação à alimentação. Algumas têm preferência por peixe, frango ou carne – como os Masai, que comem exclusivamente tudo que vem da vaca (carne, sangue e leite).

                                          

Durante os dias da semana que trabalhamos na escola, almoçamos dentro da favela mesmo, onde é possível encontrar pequenos restaurantes que servem todos esses pratos típicos por cerca de 70 shillings (menos de 1 dólar).
Ao longo do caminho até a escola, dentro da favela de Mukuru, passamos por várias barraquinhas vendendo frutas (1 banana pequena é 5 shillings), fritando mandazis e samosas, preparando peixe na brasa, e claro, por vários açougues – sem refrigeração alguma e com muitas moscas (já dizia minha avó: “o que não mata cria anticorpos”, e nesse momento devo estar cheia deles)!




Quando perguntei pras crianças da escola o que elas mais gostavam de comer, todos falaram de chapatti, sucuma (couve), espinafre, green grams, repolho e frutas... Coisa linda ver crianças gostando de comer vegetais, frutas e tantas outras coisas características da cultura alimentar de seu país. Lá pelas 10 da manhã, horário do recreio em algumas escolas, é possível ver muitas crianças andando pelos labirintos de Mukuru, repletos de lixo e esgoto à ceu aberto, comprando frutas para o lanche.




Andar por Mukuru nos traz um misto indescritível de sentimentos... felicidade ao ver as crianças gritando “muzungu” e correndo atrás de nós, tristeza e choque ao ver essas mesmas crianças brincando no chão ao lado do esgoto e rodeadas de lixo e fumaça, e esperança à cada vez que saímos de lá com o corpo cansado mas com a certeza de que foi mais um dia de trabalho e aprendizado.



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